sábado, 1 de junho de 2024

André Villas Boas, as chefias tóxicas e os egos



 André Villas Boas está a ter um desafio bem mais complicado do que aquele que imaginou.

Primeiro, as claques que fizeram perigar a sua vida e a da sua família. 

Segundo, o presidente Pinto da Costa que estava agarrado ao poder e o infantilizava.

Terceiro, um treinador que assinou contrato 2 dias antes das eleições e que tem um ego do tamanho do mundo.


Não gostei de ver Sérgio Conceição a condicionar as eleições, assinando contrato dois dias antes. Procurou capitalizar a sua popularidade para beneficiar um dos candidatos. Podia ter esperado.

Não gostei de ver Sérgio Conceição a demitir-se em direto nas televisões após o jogo da Taça sem nunca o dizer frontalmente. Ou assume ou se cala. Agora, andar às indiretas não é boa atitude.

Não gostei de ver notícias nos jornais a referir um novo treinador (Vítor Bruno) quando a SAD ainda tem contrato com outro. AVB tem que encontrar os bufos na sua estrutura. Será que alguém ressabiado por ser corrido da estrutura de comunicação trouxe essa notícia para os três jornais desportivos?

Não gostei  de ver os adjuntos de Conceição, ainda quados do FC Porto, a criticarem um colega na imprensa.

Não gostei do ressabiamento de Conceição, qual chefia tóxica, a condicionar o crescimento profissional de um subordinado. Há chefes assim, dão a cara pelos resultados, mas têm sempre quem esteja na retaguarda quando corre mal a salvar a pele (neste caso, quando era expulso por insultos, era VB quem assumia a equipa). Agora, que SC quer sair, fica ressabiado quando vê o seu salvador a assumir o lugar. Isso parece-me inveja e mesquinhez.

Não gostei de ver a família de Sérgio Conceição a lavar roupa suja nas redes sociais, ainda por cima quando um dos filhos faz parte do plantel.

Não gosto de ver que os egos se sobrepõe ao bom senso e aos superiores interesses do clube. Que treinador vai querer treinar agora o clã Conceição em Portugal?


André Villas tem um rico desafio pela frente...

domingo, 21 de maio de 2023

Balanço da época 22/23

 Começam as chegar as decisões da época 22/23 e já muitos balanços podem ser feitos.

Deixemos os grandes para depois, dado que não há ainda decisões neste momento.


Comecemos pelo V. Guimarães. Uma época muito irregular, mas q.b. para se apurar para a Liga Conferência. Recorde-se que Moreno foi promovido a treinador principal para substituir Pepa nos últimos dias antes da 1ª Jornada. Não teve tempo nenhum de preparação e foi atirado para a "arena" com uma herança pesada. Com um plantel barato, jovem, imaturo mas bom, fez muito. Foram vários os nomes que o Vitória apresentou e com muita qualidade. Apesar dos altos e baixos, lá chegou ao 5º lugar, com muitos talentos dados a conhecer e que tem agora de consolidar. 

O Arouca fez igualmente uma grande época. Tem tido estabilidade no seu comando técnico e no seu plantel. Foi novamente apurado para as competições europeias, à frente de outros clubes com maior orçamento.

Destaco o Boavista, onde Petit tem tido mais descanso nas últimas jornadas de cada campeonato. Começou a época sem poder utilizar os seus reforços, obrigando o treinador a recorrer à formação. Época muito tranquila, mesmo com Musa a sair para o Benfica.

Destaco a competência de João Pedro Sousa, depois do erro de casting do seu antecessor. João Pedro demonstrou a sua competência, regressando com sucesso a um lugar onde foi feliz. Ainda não percebi bem o projecto do Famalicão, sempre com muita rotação de plantel e treinadores. Será desta que vai estabilizar e fazer algo bonito.

Nota ainda para o D. Chaves e Portimonense com uma época muito tranquila.

O Gil Vicente teve as dificuldades esperadas em época de estreia na Liga Europa e confirmou a incompetência de Ivo Vieira. Confirmou-se o o erro esperado de apostar num treinador que soma insucesso atrás e insucesso no Minho. O Estoril arriscou muito no plantel jovem e carregado de jogadores emprestados pelo Benfica, estruturado por Verissimo. Pagou caro essa aposta, mas lá conseguiu a permanência. O Rio Ave, de regresso à Liga, também teve tranquilidade (e estabilidade).


Na zona de descida, não estava à espera da dificuldade do Marítimo. Foi a primeira época preparada pela nova direção de Rui Fontes, depois de anos com Carlos Pereira no poder. Contratou dirigentes para a SAD separando a gestão do clube da do futebol. Correu mal. No mercado de Inverno, trocou de dirigentes contratando o diretor de sucesso do Gil Vicente (Tiago Lenho - não percebi o que motivou este dirigente a dar passos para o "lado"). Contratou uma mão cheia de jogadores e um treinador que nunca foi nem será um ás do treino. Não conseguiu a permanência à primeira.

Já do Paços de Ferreira, era esperado depois do péssimo planeamento de época, com más contratações (nem guarda redes teve) e dispensas questionáveis. César Peixoto fez o que pode, mas não chegou.

No Santa Clara, mais do que esperado. Começou logo pela saída de Diogo Boa Alma, que tinha a estratégia e inteligência na contratação de jogadores e treinadores que pudessem se adaptar à ilha. Depois, a novela em torno da continuidade de Mário Silva. Em terceiro, as contratações loucas de jogadores inexperientes, dispensando os bons e adaptados à ilha.  


Na 2ª Liga, os candidatos Moreirense e Farense subiram. Paulo Alves tem feito trabalhos bonitos na 2ª Liga e poderá ser o novo Vítor Oliveira. O Farense regressa depois de ter estado no ano do covid e com os estádios vazios na 1ª Liga. Mais um representante do Algarve a juntar-se ao Portimonense. O E. Amadora poderá ainda subir, mas é um projeto ainda muito no início, sem qualquer consistência e onde em 2 épocas já teve dois planteis totalmente diferentes. Veremos.

Destaco ainda o Ac. Viseu que cometeu o erro de se desentender com Jorge Costa e deitou tudo a perder. Muita aprendizagem a ter no futuro.

Sp. Covilhã desce, denotando a dificuldade do Interior em atrair talento.

De regresso, dois históricos: Belenenses e U. Leiria.

sábado, 6 de maio de 2023

Leiria e Belenenses de regresso aos profissionais


 

A Liga 3 na época 2022/23 foi muito, talvez demasiado, composta por clubes históricos no futebol português, como o Leiria, o Belenenses, o Setúbal, o Varzim ou a Académica. Em comum, têm o facto de terem tido presidentes no passado com mais olhos que barriga.

O destino cruel atirou-os para o terceiro escalão. O Leiria teve de começar do zero, depois da presidência de João Bartolomeu e de ter caído no abismo. Entretanto já criou uma SAD novamente. Começou com um investidor russo, agora é britânico, mas com um presidente português. O trabalho tem sido muito meritório e com um investimento de base. Uma renovação visual do estádio, com um novo branding, a reconstrução da academia leiriense e a abertura de portas à população. O estádio encheu com recordes de assistências. As loucuras salariais e de contratações ficaram para segundo plano. Os resultados estão à vista. Subida de divisão, com muitos (novos) adeptos, uma proximidade anormal da cidade e um estádio belo. Um clube renascido das cinzas, com ambição, apostando na formação. Acredito que possa trazer muito valor acrescentado ao futebol português na 2ª Liga.


Já o Belenenses, resultou de algo atípico. A primeira e grande cisão entre SAD e clube. Corremos o risco de termos uma SAD a jogar contra o clube nativo. O Belenenses, do Restelo, será sempre um histórico, com adeptos ferrenhos e com uma identidade. Uma aposta forte igualmente na formação e sobretudo na raíz belenense. Por esta razão, acredito igualmente que possa trazer valor acrescentado ao campeonato profissional.


Já o Setúbal e a Académica continuam a penar, fruto de más opções do passado, com insolvências sucessivas à porta. 

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Época 22/23: a continuidade da aposta na formação

 Ainda faltam 15 dias para fechar o mercado e parece notória a continuidade da aposta na formação por parte dos clubes portugueses.

Jogadores baratos, disponíveis e talentosos, aliados à falta de capital de clubes portugueses e à tendência de aposta dos grandes no mercado nacional.

Por outro lado, a aposta em Artur Jorge e Moreno como treinadores e sintomática dessa vontade.


O campeão FC Porto vendeu por uma fortuna Vitinha (PSG) e Fábio Vieira (Arsenal). Por valores mais modestos saiu Francisco Conceição (Ajax). Tenho algumas dúvidas sobre o período de amadurecimento e a pressa de vender, mas quando o comprador bate a clausula nada a fazer.

Até agora apenas 2 reforços, dois do mercado nacional (David Carmo e André Franco). Na calha estão mais três jogadores da formação: Gonçalo Borges, Vasco Sousa e Bernardo Folha. Da equipa B podem subir ainda João Marcelo, João Mendes, além de Loader. 

Uma nota para a baliza: fico surpreendido do FC Porto querer contratar um guarda redes para substituir Marchesin. Para que serve Cláudio Ramos? Está a perder a sua carreira a troco de um bom salário. Porque não fica Meixedo como o terceiro guarda redes?


No Sporting, manteve-se a aposta no mercado nacional. Vários titulares vieram de clubes da Liga e este ano contratou-se Morita ao Santa Clara, Rochinha ao Guimarães e Francisco Trincão que embora emprestado pelo Barcelona, foi formado no Sp. Braga. Com o plantel curto e sem orçamento, como diz Ruben Amorim, a aposta é para a academia. João Palhinha e Tiago Tomás foram as minas de ouro deste defeso. Novos nomes vêm a caminho: Flávio Nazinho, José Marsa, Issaku, Rodrigo Ribeiro e Dário Essugo. Quem mais trará Amorim?

Na Luz, Roger Schmidt deverá continuar a apostar na formação. Para já Diogo Gonçalves, Gonçalo Ramos e Florentino têm a titularidade. Vários jogadores têm saído para grandes clubes e na equipa B, apesar das saídas para os clubes da Liga, há nomes a seguir.


O Sp. Braga, com o seu mega investimento na cidade desportiva, continua a marcar pontos na formação. Com as suas modernas instalações e corpo técnico com muitas valências, também tem as faturas a bombar. Vendeu David Carmo por uns bons milhões e manteve Vitinha. Francisco Moura, Bruno Rodrigues e Roger Fernandes devem continuar a ter oportunidades. Artur Jorge também já deu minutos a  Rodrigo Gomes, Gorby, Álvaro Djalo e Dinis Pinto.


Já em Guimarães, a ordem é apertar (e muito) o cinto. O Vitória está a vender os seus aneis todos. Ficam os dedos e novas oportunidades  a aparecer. Pepa fez a travessia do deserto e agora a Moreno é pedido que dê continuação ao risco. André Almeida já impressiona e é promessa. Miguel Maga e Daniel Silva são aposta de Moreno. Tomás Handel, Hélder Sá e André Amaro continuam no plantel. Ainda são 6 jogadores provenientes da formação. 

No Boavista, enquanto há impedimento do registo de reforços, joga-se com a prata da casa. Nota-se alguma falta de competitividade, mas há quem aproveite a oportunidade. Ao todo são oito os jogadores da formação no plantel: João Gonçalves, Pedro Malheiro, Francisco, Berna, Joel, Tiago Morais, Luís Santos e Martim Tavares. Nem todos ficarão no plantel, mas Martim Tavares está acima da média. Dispensado do FC Porto, pode fazer sucesso. Nota para a saída neste defeso de Tomás Reymão. Muito cedo, saiu para um clube sem grande projeção (Albacete).


Nos restantes clubes, o deserto habitual.

O Gil Vicente continua uma nulidade na formação, com os melhores talentos da região a fugirem para a concorrência. O Clube deveria apostar num centro de formação/academia. Com as vendas que teve e o dinheiro da Liga Europa, tem de definir estratégia (que neste momento falta!).

Em Famalicão, há Academia, há equipa Sub 23, mas não há quem dê o salto. Desde a época de estreia com João Pedro Sousa, que há sempre um mar de reforços. Com algum sucesso (permanência na Liga e mais valias). Porém, falta estabilidade e uma aposta convicta nos jovens da formação.

No Estoril, apesar de ter ganho a  Liga Revelação, optou-se por ir buscar jovens do Benfica B conhecidos do treinador. André Franco saiu e apenas houve duas promoções da equipa B: Gilson Varela e Serginho. Rodrigo Martins regressou do Mafra. Esperava mais na equipa principal.

Na Madeira, estou curioso para ver este Marítimo, pela primeira vez sem ser preparado por Carlos Pereira. Rui Fontes sucedeu-o e contratou um diretor para SAD: João Luís. Um homem da região, mas profissional para o futebol. Para já e apesar das dezenas de jogadores dos quadros entre equipa A, B e sub 23, apenas uma promoção: Miguel Sousa.

De resto, Santa Clara/Arouca/D. Chaves- não há aposta, P. Ferreira - apenas Mitchoi Djaló (desde Diogo Jota que não se tem apostado em mais ninguém), Casa Pia - dois irmãos que nem minutos somam. No Vizela, apesar de ter equipa Sub 23, não há qualquer promoção. No Portimonense, apesar de vários jogadores terem lá passado, não há algarvios de destaque.


Destaco na 2ª Liga o Tondela.

Impedido de registar contratos, não tem outro remédio senão olhar para a formação. Naturalmente que não tem grandes talentos (esses vão todos para os clubes grandes e para os grandes centros urbanos), mas jogadores que nunca iriam jogar na equipa principal, terão uma oportunidade. Marreco para já chamou Tiago Almeida, Rafael Alcobia, Dário Miranda, Rodrigo Fajardo, Betel, Ricardo Cacavel, Bruno Cuba, Ruben Fonseca e Simão Duarte. Se algum se aproveitar, já será muito bom.

Nos restantes clubes, nada de especial a referir o que é pena.

sábado, 16 de abril de 2022

A decadência dos clubes do Centro de Portugal

 


Em tempos tivemos Académica, Beira Mar, Naval, U. Leiria, Tondela, Ac. Viseu e Sp. Covilhã a representar a Zona Centro nos campeonatos profissionais.

Uma a um foram caindo os bastiões. 

Beira Mar e U. Leiria foram no engodo das SAD's e dos "investidores" com mais olhos que barriga e com intenções questionáveis. Tiveram que começar do zero e não conseguem sair dos escalões inferiores.

A Naval sempre foi muito dependente do mecenato do seu presidente, Aprígio Santos. Protagonizou, lembro-me, um lamentável despedimento de Francisco Chaló ao fim de 4 jogos com 2 empates. Além do clube, até o estádio foi abandonado.

Agora, cai a Académica. Uma das poucas SDUQ que existem em Portugal, mas com muita história. Reflete o espírito ultrapassado que vai na cidade, infelizmente. Muito distante dos seus adeptos, cujo reflexo são as redes sociais completamente abandonadas. Pedro Roxo teve a ideia de criar (e desperdiçar dinheiro) numa equipa Sub 23, sabe-se lá porque razão, cujos resultados (não) se vêm. Uma completa ausência de aproveitamento das segundas linhas.

Os outros não estão melhores: Tondela quase a descer da Liga Bwin. Académico de Viseu e Sp. Covilhã por um fio na Liga II.

Se o Tondela e Covilhã também são SDUQ, já o Viseu tem investidores recentes  e um plantel com nomes caros.

Perante a diversidade de cenários, é interessante perceber porque razão a Zona Centro vai perdendo cada vez mais influência no futebol nacional. 

Uma das razões é a centralização em torno de Lisboa das decisões e do talento. No Norte, também mas menos. 

Por outro lado, temos uma dificuldade enorme dos clubes mais modestos e ponderados em atrair talento, seja ao nível salarial, seja ao nível da exposição mediática. Poucos ou nenhuns jogadores saem dos escalões de formação para as equipas principais.

Ao nível dos adeptos, vemos estádios enormes despidos de público, redes sociais sem dinâmica (a da Académica é quase inexistente) e um desinteresse coletivo. 

Alguns clubes mantêm-se sem investidores (SAD's), mas isso vale o que vale.

Se acho que a Académica vai dar um passo atrás para dar dois à frente, não acho. O futuro é dos clubes em torno do Porto e Lisboa e dos bons investidores.

Foto: Desportubol

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Treinadores - a nova tendência dos grandes portugueses



As crises financeiras trazem novas oportunidades.

Quando os clubes/SAD's se vêm privados de contratações, viram-se para dentro, seja para a formação, seja para o mercado nacional.

Nos anos mais recentes, tem sido o caminho do FC Porto, do Sporting e do Sp. Braga.


Os resultados desportivos estão à vista, pois são os últimos campeões.


Hoje, ao ver a capa do jornal Record sobre o perfil do novo treinador Benfica, estava a ver o perfil de Sérgio Conceição, Ruben Amorim ou Carlos Carvalhal. Treinadores jovens, carismáticos e que fazem da aposta na formação no mercado português a sua bandeira.

Claro que isso tem custos desportivos no curto prazo, como está a acontecer ao Braga esta época, mas é um investimento para o futuro haja paciência.

Sérgio Conceição, líder do campeonato, está no FC Porto há 5 épocas. Foi duas vezes campeão e não foi por ter perdido três campeonatos que foi escorraçado. Bem pelo contrário. Tem valorizado jogadores como Luíz Diaz ou Sérgio Oliveira e potenciou a formação com Diogo Costa, Bruno Costa, Vitinha e Fábio Vieira como titulares na última jornada, João Mário e Francisco Conceição foram suplentes utilizados. Estamos a falar de 6 jogadores "Made in FC Porto".

Ruben Amorim está no Sporting há 2,5 anos, depois de muitas travessias no deserto. Foi campeão ao fim de décadas e pautou-se pela aposta intensa na formação. Gonçalo Inácio, Palhinha, Tiago Tomás, Jovane, Daniel Bragança e Matheus Nunes são os expoentes. Por outro lado, com menos dinheiro que os rivais apostou no mercado nacional, com Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Paulinho e Ugarte a serem titulares indiscutíveis.

Já no Sp. Braga, Carlos Carvalhal está no clube há 2 épocas e beneficia de dois fatores: as apostas de Abel Ferreira, o sucesso desportivo de Ruben Amorim e a recente Cidade Desportivo que permitiu captar os melhores jogadores da região Norte. No último jogo, Bruno Rodrigues, Vitinha, Francisco Moura e Rodrigo Gomes somaram minutos, aos quais se juntam outros nomes a despontar como David Carmo e Roger Fernandes. Uma aposta corajosa de Carvalhal, com alguns custos é certo, mas no caminho ideal.


O Benfica, por sua vez, anda a desbaratar dinheiro em estrelas brasileiras e em treinadores de ego cheio. Tinha tudo para ser mais forte, mas está-se a revelar mais fraco. Mais uma época no "seco", sem vitórias e sem títulos. João Félix e Bernardo Silva são os nomes mais sonantes numa aposta tímida na formação que Bruno Lage procurou contrariar. Atualmente, Paulo Bernardo e Gonçalo Ramos são as apostas mas demasiado tímidas. O Benfica deve seguir o rumo dos rivais até porque tem infraestruturas e estrutura para isso. Tem de encontrar o treinador certo: carismático e sem medo dos jovens. 

Para estes sucesso, contribuíram as equipas B's.


No deserto que são os restantes clubes, destaco dois clubes: o histórico V. Guimarães. Desde Rui Vitória, que não tem havido quem aposte nos jovens vitorianos. Diga-se também com muita instabilidade no comando técnico. Dos juniores promovidos nessa altura de crise, nenhum singrou (Ricardo Pereira, Paulo Oliveira, Tiago Rodrigues). Pepa tem timidamente apostado, mas as exibições têm sido muito irregulares.

O outro clube é o Boavista que tem no seu banco de suplentes uma série de jovens boavisteiros das camadas jovens. Porém, como habitual, têm tido zero oportunidades. Nem Petit nem João pedro Sousa ousam dar-lhes minutos.

domingo, 16 de maio de 2021

Liga NOS 20/21: Sporting campeão com pódio completo



Começa a cair o pano sobre a Liga NOS 20/21, um campeonato sem público nas bancadas (excetuando alguns jogos do Santa Clara). O Sporting sagrou-se campeão, o FC Porto vice, o Benfica em 3º, Sp. Braga em 4º e o Paços a surpreender.


Sporting

Com um plantel barato, jovem e da formação, mas com um treinador caro. O Sporting contrariou a tendência dos últimos 19 anos e sagrou-se campeão.

Esta época teve a particularidade de não haver o famoso "Tribunal de Alvalade". Não sei que influência teve, mas sem assobios e alguns fantasmas destrutivos e intestinos do passado, a verdade é que os resultados apareceram.

A pressão sobre Ruben Amorim era muita pelo preço que custou. Com um discurso sereno e humilde, ganhou o balneário. Contratou pouco e bem (Nuno Santos ao Rio Ave, Pedro Gonçalves ao Famalicão, João Mário ao Inter e Porro ao Valladolid). Houve margem para promover jovens da formação (Daniel Bragança, Tiago Tomás, Jovane Cabral, Inácio, Matheus Nunes e Nuno Mendes) com sucesso. Jogadores a custo zero, muito talentosos que superaram toda a concorrência.

Vem aí o assédio, os milhões da Champions e é uma oportunidade única para pôr as contas em ordem.


FC Porto

Perdeu o campeonato com 8 empates e 2 derrotas, mas garantiu os milhões da Champions. 29 golos sofridos! Danilo e Alex Telles deixaram saudades com uma defesa fraca. Muitos dos jovens promovidos no sucesso da época passada foram vendidos e isso também se refletiu.

Sérgio Oliveira foi uma das figuras da época com os reforços Grujic, Taremi (Rio Ave) e Tony Martinez a portarem-se bem.

A manchar a época ficou a agressão a um repórter de imagem pelo um empresário integrado na estrutura do clube. Que leituras pode ter no não atingimento no objetivo de ser campeão?


Benfica

Muito ego, muitas promessas e poucos resultados. A culpa nunca é interna: ou é do covid, ou é do árbitro ou é do anti jogo do adversário. O Benfica pecou na falta de humildade e isso faz a diferença para o Sporting. O Benfica tem um plantel melhor, na minha opinião, com mais qualidade, talento e por conseguinte, mais caro. 

A saída de Ruben Dias no fim do mercado de Verão não ajudou, mas desengane-se quem desvalorizar este plantel que pode vir mais forte na época futura.


Sp. Braga

Pena esta fase final em foi aos tropeções (reflexo da saída de Paulinho). Boa época apesar de tudo. No seu habitual 4º lugar, com mais jogadores a serem valorizados (poucos da formação esta época).


P. Ferreira

O Paços foi dos poucos clubes a manter o treinador da época 19/20, bem como grande parte do plantel. Isso refletiu-se nos bons resultados. Pepa construiu um bom grupo, com vitórias contra os adversários que lutavam pela permanência. Assusta-me já os adversários começarem a despelar o castor (o treinador já vai, Bruno Costa e Eustáquio também vão para a concorrência).

domingo, 13 de dezembro de 2020

Treinos sem competição - covid 19

 A pandemia está a trazer as consequências esperadas nas competições desportivas.

Apenas os seniores estão a competir e mesmo assim com paragens constantes.

Nas camadas jovens, os campeonatos nem sequer começaram. Os clubes mantêm uma espécie de "treinar para aquecer" e mesmo assim nem todos. Apesar da inexistência de competição, é fundamental para manter a população jovem ativa e retirá-la de casa e dos computadores/consolas. O esforço sanitário tem de ser feito por todos, desde atletas, treinadores, clubes e pais.

Numa altura em que o futebol está tão monetizado, estas paragens trazem duros revés financeiros para as instituições, sobretudo aquelas que viviam (e vivem) acima das suas possibilidade.

O primeiro semestre da época está perdido e o segundo vai pelo mesmo caminho. Neste entretanto, os clubes não conseguem rentabilizar os seus ativos, nem haverá montra para mostrar. 

Porém, o mais importante que é o desporto como essência, continua nos treinos.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Liga BPI 20/21: Antevisão



Esta edição da Liga BPI tem mais equipas. Isso é bom porque os planteis parecem estar bem reforçados, com muitas caras novas e talentosas e bastante equilíbrio nas séries. Os três grandes desinvestiram nesta época abrindo espaço a jogadoras mais jovens e pouco mediáticas.


8 equipas foram beneficiadas com a subida administrativa. As grandes apostas na 2ª Divisão em 19/20 estão agora na Liga BPI.


A Zona Norte é a mais equilibrada.

Coloco Sp. Braga e Famalicão num patamar.  Depois Valadares, Condeixa e Gil Vicente noutro.

O Sp. Braga parece ter desinvestido no plantel, com várias saídas importantes como a Francisca Cardoso, a Vanessa, a Barbara e Rute Costa. Sem grandes reforços, mantiveram-se Lara Luís e Dolores Silva.

O Famalicão manteve a sua estrutura-base reforçando-se com Rute Costa na baliza e 9 jogadoras estrangeiras. Foi buscar (e pagar) talento fora. João Marques mantém-se na liderança.

Depois temos as restantes oito equipas que estão ao mesmo nível e vai ser esse equílibrio que vai tornar o campeonato interessante.

O Valadares manteve o plantel e a equipa técnica da casa (Nuno Oliveira e Joana Oliveira). Várias brasileiras que chegaram do Paio Pires e Lúcia Alves são os grandes reforços numa equipa sem grandes saídas.

O Gil Vicente renovou grande parte do seu plantel. Apostou num treinador jovem mas com experiência. As contratações foram cirúrgicas. Jogadoras bem conhecidas do treinador e da liga portuguesa (grande parte delas foram treinador por José Rui Pereira no Vilaverdense). Jogadoras medianas que colocam o Gil Vicente bem posicionado para 1ª parte da classificação.

O Boavista tem um plantel muito jovem e teve um campeonato fácil na época passada. Parece-me um pouco frágil face à concorrência. Porém apresenta reforços norte americanas conhecidas do treinador Fábio Barros. E isso equilibra o plantel.

O Fiães foi uma enorme surpresa na época passada! Paulo Campino fez um grande trabalho e vai agora apresentar as suas atletas à Liga BPI. Muita curiosidade para as conhecer, porém a falta de experiência pode ser um problema.

A Ovarense costuma ter muitos problemas e tem-se mantido sempre  "à rasca". Esta época manteve as suas figuras o que é bom porque dá consistência e progresso no trabalho feito e foi-se reforçar ao Algarve. Espera-se uma equipa equilibrada.

O Albergaria mantém a sua treinadora de há anos. A única mulher na Zona Norte. Manteve a sua estrutura-base e a garra habitual.

O Cadima teve muitas dificuldades na época passada. Esta época não traz reforços significativos. Mantém o plantel jovem, o seu treinador ambicioso (mas tem que tudo para provar ...) e foi buscar jogadoras ao Lordemão. Antevejo dificuldades.

Por fim o Condeixa. Surpreendeu-me José Sobral sair. Chegou Marco Ramos, mais um treinador da Zona Centro com futebol feminino no currículo e que tinha andado "escondido". Manteve o plantel forte de outras épocas e manteve a sua melhor jogadora: a Tita. Expetativas elevadas para uma época tranquila. 


Agora a Zona Sul.

Acho-a muito mais competitiva que a Zona Norte. Não vai ser uma série nada fácil! Muito talento e aposta dos clubes participantes.

Coloco Benfica, Sporting e Amora como favoritos. 

Torreense, Estoril, F. Benfica e Marítimo num patamar. 

Os restantes vão lutar para não descer e decidirem-se nos confrontos diretos.


O Benfica desinvestiu no futebol feminino. Dispensou as caras jogadoras internacionais estrangeiras (incluindo Darlene), bem como algumas atletas nacionais para a Zona Norte. Vão surgir novas protagonistas da formação e chegam Carole Costa e Matilde Fidalgo. Mantém Cloe e Dani. Não vai ser a equipa arrebatadora da época passada, mas vai lutar pelo título.

O Sporting manteve Susana Covas e também desinvestiu. Saiu Diana Silva, mas mantiveram-se as guarda redes, Ana Borges, as Pintos e Raquel. Entrou Mónica Mendes. As melhores estão lá e tornam a equipa mais forte. Candidata ao título.

O Amora promete muito. Um plantel estruturado, com as dispensas dos candidatos e muito competitivo. Um misto de jovens internacionais talentosas com jogadoras experientes. O treinador Ademar Colaço vai-se estrear na Liga BPI. Candidato claro à primeira parte da tabela.

F. Benfica é um histórico. Mantém a sua treinadora, Madalena Gala, e mais uma vez manteve o seu núcleo duro. Sem entradas nem saídas de registo, o que significa expetativas alinhadas com a época anterior.

O Estoril mantém a sua equipa discreta, sem grandes individualidades mas muito regular. Há uma grande aposta na formação. Por isso vai estar na luta pelos lugares do meio da tabela.

O Marítimo, desde que está, na 1ª Liga apresenta-se com planteis muito interessantes, praticamente só com madeirenses e com 3 ou 4 desequilibrados. Elas mantêm-se no plantel, que esta época profissionalizou algumas das suas atletas.

O Torreense manteve o seu experiente treinador, Nuno Cristóvão, e a base do plantel que valeu a subida administrativa. Isto significa uma antevisão de uma época tranquila e muita curiosidade para conhecer estas atletas de um projecto muito forte para 2ªD na época passada.

Agora, um terceiro grupo que parece abaixo dos restantes:  A dos Francos, Ouriense e Damaiense.

O A dos Francos na época passada atrasou-se muito na preparação e quando deu por si já não tinha atletas disponíveis. Isso refletiu-se na péssima época que fez, com um plantel muito fraco para a liga principal. Esta época contratou Isabel Cardoso (mais uma mulher- treinadora). Apostou forte em jogadoras internacionais e é uma incógnita.

O Ouriense tem um plantel interessante. O problema é que a concorrência está acima. Vai dar luta e vai vender caro os seus jogos. Renato Fernandes vai ter um grande desafio pela frente e as suas jogadoras vão ter uma montra.

Por fim o Damaiense, que subiu devido a uma perda administrativa de pontos do Atlético. Contratou o treinador das juniores do Benfica e obteve a cedência de 10 (!!!) juniores do Benfica. Não sei qual o interesse disto e sequer se a FPF deveria permitir. Os jogos entre Damaiense e Benfica terão um enorme conflito de interesses. Esta situação além de não fazer sentido, tira interesse.

domingo, 2 de agosto de 2020

Estruturas diretivas cada vez mais profissionais


Olhando para a primeira metade da tabela classificativa da Liga NOS 19/20 verificamos a existência comum a todas as SAD's do profissionalismo da sua estrutura. Abaixo do presidente "estatutário", existe um CEO/diretor desportivo e uma aposta crescente na comunicação.

Se nos três grandes, já existe há algum tempo, com melhor ou pior sucesso, nos restantes o sucesso das últimas épocas assim o demonstra.
Luís Gonçalves, Tiago Pinto/Rui Costa e Beto Severo/Hugo Viana são os homens fortes dos bastidores do dirigismo desportivo.

Sp. Braga
António Salvador - Rui Casaca - André Viana*

O quarto grande já tem há bastante tempo a sua estrutura altamente profissional. Uma aposta vincada na formação, com uma hierarquia técnica bem definida e com resultados.
A nível da comunicação, excelente desempenho com as redes sociais, os vídeos criativos, o Braga Day no centro da cidade, a página atualizada da "Cidade Desportiva" e o canal de vídeo "Next", além do brand name Gverreiros do Minho

* Em 20/21, André Viana aceitou o desafio de lançar a comunicação do V. Guimarães e virá Alexandre Carvalho do Recor

Rio Ave
António Campos - Marco Carvalho/André Vilas Boas - Vítor Ramos

Um dos clubes que mais tem evoluído com o 2º apuramento europeu a premiar.
A proximidade com Jorge Mendes, umas redes sociais cada vez mais dinâmicas e sobretudo uma estrutura muito profissional têm feito sucesso. Muito do sucesso deve-se a Miguel Ribeiro que começou a profissionalização do zero.
A nível da comunicação há uma grande proximidade com os sócios e um site muito atualizado com muitas notícias das modalidades e formação. É dos poucos clubes com LinkedIn.

Famalicão
Jorge Silva - Miguel Ribeiro - ?

Miguel Ribeiro é o CEO da SAD. Com o background do Rio Ave, profissionalizou o futebol em Famalicão. Foi muito bem sucedido. Um dos nomes mais influentes do dirigismo, com muita competência. O Famalicão está no seu processo normal de maturidade, tendo igualmente criado as bases na formação em 19/20, com a  criação da equipa sub 23 e de um departamento de scouting.
Falta uma aposta convicta na comunicação e nas redes sociais, pois tem uma base adepta larga. O site tem pouquíssimas notícias e da formação pouco ou nada se promove.
O grande teste ao sucesso do projeto desportivo será em 20/21.

V. Guimarães
Miguel Pinto Lisboa - Carlos Freitas - André Viana

Em 19/20 fizeram-se as contratações e em 20/21 haverá os primeiros resultados. Uma das grandes lacunas do Vitória tem sido a falta de profissionalismo na estrutura, sempre muito dependente das asas dos seus vice-presidentes. O resultado tem sido alguma irregularidade nas classificações. Para a próxima época, o Vitória vai seguir os bons exemplos. A mesma mudança se vai ver na formação.

Santa Clara
Rui Cordeiro - Diogo Boa Alma

Diogo Boa Alma tem sido dos diretores desportivos mais competentes que temos visto nos últimos meses, tal a cirurgia que tem tido nas contratações, quer de treinadores, quer de jogadores, com a subida e manutenção na Liga NOS. Um dos grandes desafio deste clubes são as infraestruturas de que (não) dispõe. Esperamos que alguns dos euros das mais valias arrecadadas na venda de jogadores sejam aplicadas num centro de treinos.

Nos restantes clubes, seja por sede de poder dos presidentes, seja por falta de visão, seja por falta de dinheiro, ainda há poucos diretores desportivos e diretores de comunicação que façam a diferença