domingo, 3 de novembro de 2019

Primeiras impressões do futebol feminino 19/20


Estamos a 3 de Novembro e depois das primeiras jornadas e de conhecermos os planteis já podemos ter algumas impressões sobre o futebol feminino 19/20.

- Luta a três na Liga BPI
Já se esperava a confirma-se. A Liga está mais competitiva e este ano temos três equipas a lutar pelo título de futebol feminino: Benfica, Sporting e Sp. Braga.
Nos três planteis existem jogadoras de seleção portuguesa e várias internacionais estrangeiras. O Benfica optou pela jogadora brasileira, o Sporting pela brasileira e de Leste, o Braga é mais multinacional optando pela brasileira, americana, camaronesa, nigeriana e venezuelana.
É bom, é mau? Acho que tem coisas boas e coisas menos boas. Vejo-o como uma dor de crescimento, havendo espaço para todas.

- Campeonato tranquilo de 6 equipas
O Futebol Benfica mesmo tendo perdido várias jogadoras para o Amora, tem mantido os bons resultados (falta ainda jogar com os grandes de Lisboa).
O Valadares tem tido alguma irregularidade, mas está a equipa guerreira habitual.
O Albergaria vai-se reinventando todas as épocas. Nesta "só" perdeu a melhor marcadora para o Famalicão, mas tem estado bem.
O Ouriense reforçou-se bem e está no meio da tabela. O Marítimo continua a surpreender.
Já o Estoril, tal como em 18/19 não está a começar a época muito bem, mas tem capacidade para mais e vai recuperar.

- Luta a três pela permanência
Tal como esperado: Cadima, Ovarense e A dos Francos. Os três já levaram com alguns grandes. Vão ser nos confrontos diretos que tudo se vai decidir.

- Betinha, uma das revelações
É da Ovarense e tem 29 anos. Os seus golos têm sido nota de destaque nas primeiras jornadas. Darlene segue imparável.

- Maior visibilidade
O canal Onze tem ajudado, mas os clubes também feito o seu trabalho de casa. Mais dinamismo, mais projeção, mais notícias.
Internacionalmente, Portugal começa a dar nas vistas, devido à boa performance do Braga na Liga dos Campeões e às jogadoras portuguesas que começam a aparecer nos planteis dos "grandes" europeus e que passaram pela Liga BPI.

- Muitos candidatos à subida 
Na 2ª Divisão, existem muitos (e talvez demasiados) candidatos à subida: Famalicão, Gil Vicente, Amorim, Feirense, Amora e Torreense.
Destes diria que Famalicão e Amora, pela experiência das suas jogadoras, são favoritas. Ambos foram contratar à Iª Divisão (Valadares e F. Benfica, respetivamente).
Não incluo o V. Guimarães, que esta época não vai jogar para subir. Tem qualidade, mas talvez na próxima época possa subir, dada a juventude do plantel e inexperiência. O Paio Pires poderá surpreender, dado o seu plantel internacional. O Fiães deverá fazer um bom campeonato também.

- Troca por troca
Nos seniores, entraram 21 equipas  e desistiram 8. É bom este crescimento, mas há muitos cenários diferentes.
i) Desistiu o Sandinenses, entrou o Brito.
ii) Desistiu o Ribeirão, porque o seu plantel foi dividido pelo Amorim, Gil Vicente e Famalicão. As suas juniores foram quase todas para o Famalicão.
iii) Desistiu o Cesarense, entrou o Feirense.
iv) Entra o Correlhã, desistiu o Limianos (futsal).
v) Entra o Pombal, desistiu o Segodim (futsal) e o Casa Benfica Pombal (futsal).
vi) Entra o Estação, desistiu o Fundão (futsal).
iii) Entrou o Bragalona e o Vila Real com a promoção da sua equipa júnior. Ainda muito jovens, não é andar demasiado rápido? Faz sentido?

- O curioso projeto do Felgueiras
É curioso ver o diferente perfil (e capacidade financeira) dos novos clubes.
Enquanto vemos o Famalicão a investir bastante no seu plantel na IIª Divisão, contratando jogadoras da Liga BPI, assistimos ao Felgueiras a dar oportunidade a jovens inexperientes, a maioria das quais sem nunca ter jogado. Claro que os resultados são diferentes, mas é positivo ver projetos como os do Felgueiras, onde impera o amor à camisola. A questão é: não desistirão as suas jogadoras até ao fim da época? Será sustentável?

- Parcerias brasileiras e ausência de projetos
Valadares e Paio Pires apresentam "parcerias" com agentes brasileiros. Se no Valadares há um projeto de formação e todos os anos a concorrência vem buscar jogadores, no Paio Pires é diferente.
Criou a equipa sénior com metade do plantel a serem jogadoras brasileiras "de passagem". Qual o interesse deste tipo de projetos? Que valor acrescentado traz? Quem o financia, são jogadoras amadoras? O que ganha o campeonato e a modalidade? Para o ano, como se mantém a sua sustentabilidade?

- Cobertura geográfica
Esta época com a entrada de novos clubes nos seniores e sub 19, praticamente todo o país está representado. Este fenómeno de crescimento está claramente concentrado no litoral e nas grandes cidades.
Esta época temos:
i) Algarve: 3 equipas em 19/20 face a 1 do ano anterior.
O Guia mantém-se nos seniores, entram Marítimo Olhanense e Ferreiras no sub 19.
ii) Alentejo: Desistiu uma (Santo António). Entra uma (Lus. Évora). Mantêm-se Mil Fontes e Ourique. Saldo positivo!
iii) Castelo Branco: Entrou a primeira equipa (Estação). Há três época havia o Beira Baixa United que desistiu e como já disse, algumas jogadoras do Estação vieram do Fundão Futsal que desistiu).
iv) Guarda: Sem novidades: mantém-se os bastiões Seia e Fund. Laura Santos
v) Viseu: Sem novidades: mantém-se os bastiões Lusitano Vildemoínhos, Nelas, Nespereira e VN Paiva.
vi) Bragança: Sem novidades: mantém-se a AD Paredes
vii) Vila Real: O Vila Real mantém-se o único clube, agora só com seniores.
viii) Viana do Castelo: passou de uma para três equipas: o Âncora passou de juniores, para juniores e seniores e o Correlhã aderiu (com o plantel do Limianos futsal que desistiu).
Seja como for, é bom ter mais equipas e em todo o país. Falta Portalegre.

- As treinadoras
Infelizmente o crescimento dos clubes e atletas não acompanha o nº de treinadoras. Porém, a parte boa é que também não há menos treinadoras que em 18/19. Susana Cova, Gabriela Liberato, Isa Coelho e Sandra Caires são as novidades.
Paula Pinho, Mara Vieira, Mariana Cabral, Joana Rosa, Rita Castro Silva e Joana Maia mantêm-se.

- Ainda faltam clubes com dimensão nacional
Este fenómeno ainda não conquistou alguns clubes que trariam mais desenvolvimento à modalidade: FC Porto, Tondela, Portimonense, Farense, Leixões são exemplos.

Em suma, as primeiras impressões são muito positivas.