sábado, 28 de março de 2020

COVID19 - Campeonatos parados e muito prejuízo

O COVID.19 fez parar tudo, inclusivé as nossas vidas.
Vamo-nos focar no desporto e em particular no futebol.

Perante a suspensão dos campeonatos, os clubes ficaram com as suas receitas suspensas:
i) Não se vendem bilhetes
ii) Não se vendem bens e o pouco merchadising vendido online pouco ou nada gera.
Mesmo no e-commerce são pouquíssimos os clubes com lojas online. Aí está uma boa oportunidade para os clubes criarem lojas online (em marketplaces por ex.)
iii) Não se vendem sandes e cervejas nos bares
iv) Não há as receitas televisivas porque não se transmitem jogos (aqui a liquidez depende do momento do pagamento da SportTv)
v) Não se concretizam transferência de jogadores
vi) Não há receitas das competições europeias (já não havia, mas em Setembro pode não haver)
vii) Não há patrocínios dado as dificuldades das empresas (embora para o futebol haja sempre quem colabore nem que tenha de despedir funcionários).

Sobram as quotas dos associados que estão por débito direto. Quem apenas tem cobradores também não as vai receber.
Sobram os lugares anuais, cuja receita não deve ser devolvida aos sócios.
Quanto mais se prolongar esta ausência, mais tarde se recupera.

Neste intermédio, há custos aos quais os clubes não têm por onde fugir: salários.
E sem receitas, não há como pagá-los a não ser o recurso ao crédito bancário onde as garantias (passes e as poucas contas a receber ainda não entregues) também saem desvalorizadas.
Nos restantes custos como organização de jogos, polícia, electricidade, gás e afins também são muito reduzidos (a parte boa!).

O que esperar das próximas semanas?
Sem receitas, haverá apenas as quotas dos associados e é possível que alguns desistam desse custo se estiverem em situação desemprego. Os patrocinadores também vão desaparecer porque haverá outras preocupações. Os restantes clubes europeus não vão estar a contratar porque vão ter os mesmos problemas. Terão então de ser cortados os salários dos jogadores, pois não vai haver elites.
Ao nível de custos fixos (seguros e deslocações aquando do recomeço), a UEFA e a FPF podem deitar a mão aos clubes.

Mas lá que haverá um futebol mais pobre face aos últimos anos, isso vai haver porque os níveis estavam muito elevados.
Nos restantes desportos, incluindo as vertentes femininas, vai haver desistências por incapacidade financeira e o regresso ao amadorismo, sem subsídios.
Vai ser necessariamente mau?

domingo, 8 de março de 2020

Dia da Mulher - Como estamos em 2020?

Hoje, domingo, é dia da mulher.

Em 2020, nem uma chamada de capa nos jornais desportivos. Mesmo com as suas edições especiais dominicais.
O Record prefere falar da Geração Z em vez de falar do peso do desporto feminino.

Olhando para o panorama nacional vêm-se cada vez mais mulheres a praticar desporto federado, seja sénior ou formação. Não obstante uma maior aposta dos clubes, têm ainda um peso muito reduzido.

Nos desportos coletivos, começam a dar os primeiros passos, em particular na modalidade mais popular em Portugal, o futebol. Hoje ainda são pouco conhecidas o nome das jogadores e nas individuais talvez Patrícia Mamona, Telma Monteiro e Vanessa Fernandes sejam as mais conhecidas.

No futebol, a FPF desenvolveu um programa muito eficaz ao trazer primeiro Sporting e Braga para o campeonato principal com equipas semi-profissionais, juntando-se entretanto o Benfica com uma equipa robusta.
Nos últimos anos, houve um aumento da competitividade no país, com (muito) mais atletas e treinadoras. Ainda assim, olhando para as estatísticas, apenas metade das equipas da Liga NOS tem futebol feminino (o FC Porto de Pinta da Costa não tem!) e apenas 2 em 16 equipas da 2ª Liga têm a modalidade. 
Ao nível geográfico, inacreditavelmente, no Algarve, há apenas 2 equipas, uma sénior (Guia), outra júnior (Marítimo Olhanense). Os históricos algarvios não adoptam a modalidade!
Nos 3 distritos alentejanos, em Bragança e em Vila Real há apenas uma equipa (Lus. Évora, AD Paredes e Vila Real).
Clubes como o FC Porto, Ac. Viseu, U. Leiria, Beira Mar, Leixões, Belenenses, Académica ou Portimonense não têm futebol feminino e alguns nem sequer modalidades femininas além do futebol. Referi clubes históricos, representantes de grandes cidades e muitos adeptos que têm responsabilidades acrescidas.
É pouco, muito pouco.


Nas restantes modalidades, o cenário é desolador. 
Escapa o voleibol onde estão os grandes clubes portugueses, ainda assim muito concentrados em Porto, Lisboa e Braga. Um campeonato de elite com poucas equipas e atletas.

Se olharmos para o mapa de treinadoras, é pior. Nas equipas femininas, os treinadores continuam a ser homens. Mulheres são poucas. Conheço só alguns nomes no futebol e são muito poucas: Paula Pinho, Madalena Gala, Mara Vieira, Mara Vieira, Joana Rosa, Joana Maia, Rita Castro Silva e Susana Covas. Pouquíssimas.

Ao nível do dirigismo, é quase vergonhoso. Com futebol, há apenas uma presidente. Chama-se Maria João Figueiredo e é presidente do Feirense. No futsal há Adelaide Raimundo no Burinhosa.

E que tal, os clubes deixarem as imagens bonitas nas redes sociais do Dia da Mulher e adotarem as modalidades femininas?

sábado, 7 de março de 2020

A porta aberta por Rúben Amorim (10 M€)


Se há profissão precária em Portugal é a de treinador profissional de futebol.

Uns meses e umas 3/4 jornadas são suficientes para os adeptos mostrarem lenços brancos e os dirigentes dispensarem os seus treinadores.
Por essa razão, há pouco investimento nos treinadores. A probabilidade de perda é elevada.

A posição do treinador, no sistema tático que monta e nas escolhas que faz, acaba por ter um papel determinante num plantel.
Porém, 10 M€ é muito dinheiro dado o histórico.

A herança é pesada e abre muita responsabilidade e expetativa. O Sporting aposta tudo no treinador, mas se Rúben Amorim conseguir valorizar o plantel e vendas lucrativas o seu investimento fica pago.
Dada a vulnerabilidade do cargo de treinador, o desafio é conseguir.

Quanto ao facto de ser sócio do Benfica, é uma falsa questão. Rúben é profissional e já o demonstrou no Braga.

O desafio é grande porque o Sporting tem muitos problemas internos, numa luta de poder intestina, uma equipa sem motivação e desnorteada. A aposta é de longo prazo e por isso há condições para trabalhar. Rúben Amorim tem o mundo aos seus pés.

Duas notas:
i) Quanto ao facto de não ter o nível de treinador exigido, as regras têm de ser revistas. Ou existem para serem cumpridas ou não existem.
ii) Quanto a Custódio Castro, uma boa aposta, na continuidade de Ruben Amorim. Tem o barco embalado, agora é dar continuidade e não inventar.