domingo, 5 de maio de 2019

Sp. Braga campeão de fut feminino (Análise)


À terceira foi de vez!

Ao fim de três anos, o Sp. Braga sagrou-se campeão nacional de futebol feminino.

Vamos ao início da época.
António Salvador manteve a aposta no futebol feminino mas foi obrigado a alterações forçadas. Se por um lado manteve o treinador Miguel Santos, perdeu várias jogadoras para o Benfica (no caso de Sílvia Rebelo até foi um favor que o Benfica fez) e ainda Andreia Norton. Para colmatar essas falhas, foi contratar jogadores estrangeiras, com outra rodagem e experiência.
Foi uma aposta feliz. O Braga venceu logo a Supertaça, com a sorte na lotaria dos penalties. Ao longo do campeonato não vacilou e foi mais forte no confronto direto com o Sporting, algo que não conseguiu no passado.
Hoje sagrou-se campeão nacional. Vem para o Norte e é inédito. Parabéns ao Braga.

O Sporting manteve a sua estrutura, mas alguns erros táticos e de opção (Diana Gomes no banco?) fizeram tremer a equipa no confronto direto e na Madeira (empate comprometedor). Por outro lado,  apostou em jogadoras sérvias quando os maiores talentos estão na América.
Do lado da direção, notou-se um certo abandono que se refletiu na crença da equipa na hora H. Esta época e ao contrário das anteriores (com Bruno de carvalho), esta Direção nunca permitiu que as leoas jogassem no estádio de Alvalade.

Dos restantes clubes, as descidas de Vilaverdense e Boavista têm justificação.
O Boavista perdeu as suas melhores jogadoras para a Ovarense e Valadares. Quando construiu o seu plantel, já foi tarde. Já não havia jogadoras de qualidade disponíveis, fazendo refletir a negligência da Direção do clube na gestão do plantel.
Do lado do Vilaverdense, também foi delapidado pelo Benfica e pelo Braga. Acredito que ambos virão mais fortes.

Destaque ainda para a presença de quatro treinadoras. É pouco, mas mais que no passado: Alfredina Silva, Paula Pinho, Mara Vieira e Madalena Gala.

Aliás, Mara Vieira protagonizou um cenário nada recorrente por estas bandas: estar grávida! :)


Descem duas equipas do Norte, mas sobe o Benfica (e que vai jogar para ser campeão na próxima época) e outra equipa que ainda está por apurar (Cadima, Grijó ou Amorim)

quarta-feira, 1 de maio de 2019

A conclusão da Liga Revelação


Chegou ao fim a primeira edição da Liga Revelação.

Para se fazer o seu balanço, tem de analisar quais os seus objetivos e se foram atingidos ao não.
A grande finalidade desta nova competição era, como o próprio nome diz, dar espaço e visibilidade a jogadores jovens, recém saídos da formação ou provenientes de escalões inferiores. Ao jogarem com peers da mesma idade e experiência procurava-se potenciar a sua integração e facilitar a transição para as equipas principais.

Resultou?

-Clubes grandes
Os clubes com mais talentos não prescindiram das suas equipas B, exceção feita ao Sporting.  Isso foi comprometedor para o êxito da Liga Revelação.

O FC Porto nem sequer aderiu, o que desde logo retirou um ingrediente principal.

 O Benfica, o Braga e o Guimarães apostaram muito mais na sua equipa B na IIª Liga, colocando lá os seus internacionais jovens e maiores talentos. Muitos deles ainda são Sub 19.

A Liga Revelação funcionou para estes clubes para colocaram as suas terceiras linhas, a maioria jogadores contratados sem se perceber a real razão e que nunca irão chegar à equipa principal. Sabe-se sim que as suas aquisições foram um balão de oxigénio para os clubes pequenos que alienaram o seu passe.

Já o Sporting, a única SAD que apostou realmente na Liga Revelação ao prescindir da equipa B, acabou por ser vítima do próprio e contínuo desnorte e falta de estratégia do clube. 3 trocas de treinador. Muitos jogadores jovens foram emprestados a clubes da IIª Liga (Mafra, Farense, Paços, ...)


- Restantes clubes

Olhar para os planteis dos restantes clubes, fica a ideia de que o campeonato foi mais para os seus "investidores" colocarem os "seus" miúdos a jogar na expetativa de fazerem algum dinheiro com eles. Jogadores que vêm da China, de África, sabe-se lá com que condições a terem aqui um lugar ao sol.

Quando se anunciaram os participantes, estranhei ver clubes como o V. Setúbal que está em PER. Onde há dinheiro para sustentar uma segunda equipa?

Ou então o Cova da Piedade ou a Académica: um clube na 2ª Liga, precisa mesmo de uma segunda equipa para lançar jovens?


- Aposta na formação
Os grandes colocaram os melhores jogadores para a equipa B, o Sporting continuou a emprestar a clubes da 2ª Liga, os restantes clubes a apostar em jogadores das mais diversas nacionalidades e apostar nos mínimos olímpicos para cumprir regulamentos, levaram a que a aposta na formação neste campeonato fosse reduzida.

- Mediatismo
A TVI 24, os jornais fizeram alguma cobertura e nas redes sociais houve alguma divulgação.

- As estrelas
O D. Aves foi o campeão e talvez uma das equipas que melhor aproveitou o escalão sub 23: Luquinhas, Miguel Tavares, Rodrigues e Abdou já tiveram o lugar ao sol.
Kikas no Belenenses tem sido um destaques da Liga NOS.
No Sporting destaque para Matheus Nunes, Max, Paz e Pedro Mendes.
Costinha no Rio Ave (ainda sub 19) também se destacou.

Existem outros nomes a seguir, mas só o futuro dirá se esta competição valerá a pena. Nesta primeira edição, pareceu-me ter ficado aquém das expetativas e sobretudo ser redundante face à existência de equipas B.